<p><p>O McDonnell Douglas MD-11, um dos últimos trimotores da aviação comerciais, completou nesta última sexta-feira (10/01) trinta anos do seu primeiro voo.</p>
<p>O desenvolvimento do MD-11 começou como uma necessidade da McDonnell Douglas de ajustar o seu produto à concorrência, como o Boeing 747-400. O início do projeto foi em 1986, e a fabricante optou por atualizar o DC-10, a partir da versão -30, a maior disponível.</p>
<p>Apesar de ser um produto &#8220;requentado&#8221;, o MD-11 era uma grande chance da McDonnell superar seus problemas financeiros, visto que na previsão a empresa deveria vender no mínimo 300 aeronaves.</p>
<figure id="attachment_78995" aria-describedby="caption-attachment-78995" style="width: 760px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-78995 size-full" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2020/01/md11-aankomstinamsterdam-9_big.jpg" alt="" width="770" height="524" /><figcaption id="caption-attachment-78995" class="wp-caption-text"><span style="font-size: 10pt;">MD-11 da KLM em seu último voo levando ageiros, que ocorreu em 2014.</span></figcaption></figure>
<p>O MD-11 recebeu algumas atualizações significativas, quando comparamos com um DC-10. Para ar uma maior carga, principalmente devido ao maior tamanho, o trem de pouso principal era triplo, com um central.</p>
<p>Tecnologicamente, o cockpit do DC-10, para três tripulantes, foi substituído por um cockpit no estilo do Boeing 767, já lançado, com telas eletrônicas, e um funcionamento que dispensava o engenheiro de voo, mantendo a exigência de ter apenas dois pilotos, melhorando a atratividade do produto para as companhias aéreas.</p>
<p>Uma outra inovação foi o winglet duplo, que prometia diminuir em até 5% o consumo de combustível em comparação com o DC-10.</p>
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<p><strong>Dificuldade nas encomendas</strong></p>
<figure id="attachment_78994" aria-describedby="caption-attachment-78994" style="width: 790px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-78994 size-medium" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2020/01/MD11_AND_DC10_varig_comparison-800x340.jpg" alt="" width="800" height="340" /><figcaption id="caption-attachment-78994" class="wp-caption-text"><span style="font-size: 10pt;">MD-11 da Varig Log e DC-10 da Centurion Cargo.</span></figcaption></figure>
<p>O MD-11 parecia promissor, mas a McDonnell Douglas poderia ter inovado mais, e por conta disso sofria com uma enorme concorrência de uma aeronave menor, como o Boeing 767, em uma época que o mercado de aviação não tinha tanta escala, e os aviões mais populares não registravam mais de 4000 pedidos.</p>
<p>Por conta disso, as companhias demonstraram um interesse bem menor no MD-11, e no lançamento a aeronave conseguiu apenas 52 pedidos firmes.</p>
<p>A situação do MD-11 com as encomendas se arrastou durante vários anos, e piorou após a primeira entrega da aeronave, quando as companhias começaram a cancelar as suas encomendas, alegando que a aeronave tinha um envelope de desempenho diferente do apresentado no ato das encomendas.</p>
<p>Até então o MD-11 tinha mais de 300 encomendas.</p>
<p>Companhias como a American Airlines, que tinha 50 pedidos para o MD-11, solicitaram o cancelamento das suas encomendas após receber o primeiro avião, pelo desempenho diferente da aeronave, que consumia mais combustível do que o previsto, e tinha uma autonomia de voo menor.</p>
<figure id="attachment_43568" aria-describedby="caption-attachment-43568" style="width: 790px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-43568 size-medium" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2018/06/Boeing_777_in_then-Boeing_livery_K58552-800x629.jpg" alt="" width="800" height="629" /><figcaption id="caption-attachment-43568" class="wp-caption-text"><span style="font-size: 10pt;">Boeing 777 foi lançado em 1990, fez seu primeiro voo em 1994 e entregue pela primeira vez em 1995.</span></figcaption></figure>
<p>A situação da MD só piorou após a Boeing lançar o econômico bimotor 777 em 1990, e todas as companhias ficaram maravilhadas pelo novo avião da Boeing, feito a partir de um projeto totalmente novo, com motores mais econômicos e capacidade ETOPS.</p>
<p>Boa parte das companhias aéreas escolheram o 777 para substituir seus aviões DC-10, e abandonaram a escolha do MD-11. A Airbus ainda lançou anos antes o bimotor A330, e o A340, que tinham o mesmo conceito de tecnologia do A320.</p>
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<p><span style="font-size: 14pt;"><strong>MD-11 após a primeira entrega</strong></span></p>
<p><img class="aligncenter size-medium wp-image-33884" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2017/11/328964main_EC95-43251-1_full-800x500.jpg" alt="" width="800" height="500" /></p>
<p>O MD-11 foi certificado em 1990 pela FAA, e após 200 problemas de segurança sanados, a Europa aceitou a certificação do avião em 1991.</p>
<p>Mesmo após a primeira entrega para a Finnair em 1990, o MD-11 ainda acumulava diversos pontos que deveriam ser solucionados.</p>
<p>O MD-11 teve problemas com seus sistemas de controle de voo que resultaram em vários acidentes e incidentes desde a introdução da aeronave, diminuindo ainda mais a atratividade da aeronave.</p>
<p>Em quatro anos de desenvolvimento (1986 a 1990) a McDonnell Douglas não conseguiu minimizar os problemas da sua atualização, e em quatro anos de desenvolvimento a Boeing conseguiu disponibilizar o novíssimo 777 para as companhias aéreas.</p>
<p>Com apenas 200 encomendas no final, a produção durou apenas de 1990 a 2001, quando a McDonnell Douglas já estava na mão da Boeing.</p>
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<p><span style="font-size: 14pt;"><strong>Operação e aposentadoria</strong></span></p>
<figure id="attachment_78993" aria-describedby="caption-attachment-78993" style="width: 790px" class="wp-caption aligncenter"><img class="size-medium wp-image-78993" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2020/01/44305352_1987248348002884_1861179160953618432_o-800x533.jpg" alt="" width="800" height="533" /><figcaption id="caption-attachment-78993" class="wp-caption-text">MD-11 da Varig. Foto &#8211; Duncan Steward</figcaption></figure>
<p>No Brasil o MD-11 foi operado pela Varig, Vasp e TAM, esta última através de um contrato com a Boeing, onde os MD-11 ficariam na frota da companhia enquanto seus novos 777-300ER estavam sendo produzidos.</p>
<p>Ao longo dos anos o MD-11 foi ando de aeronave de ageiros para o transporte de cargas, e nas duas últimas décadas se destacou neste último ponto.</p>
<p>Companhias como a Fed Ex e a Lufthansa Cargo operaram com o MD-11, mas várias estão substituindo os trimotores pela versão cargueira do Boeing 777.</p>
<figure id="attachment_74297" aria-describedby="caption-attachment-74297" style="width: 790px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-74297 size-medium" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2019/11/71591202_2544164842326267_3595030838141517824_n-800x489.jpg" alt="" width="800" height="489" /><figcaption id="caption-attachment-74297" class="wp-caption-text"><span style="font-size: 10pt;">777 à esquerda e MD-11 à direita.</span></figcaption></figure>
<p>Os 777F têm um custo operacional 15% menor em comparação com o MD-11, além disso ele pode transportar aproximadamente 100 toneladas, enquanto o MD-11 pode transportar 80 toneladas.</p>
<p>A Lufthansa Cargo retirou no último mês de novembro da sua frota o último MD-11F que saiu da linha de montagem da McDonnell Douglas, de matrícula D-ALCN e número de construção 48806.</p>
<p>A aeronave foi retirada da linha de montagem, para iniciar os voos de testes pré-entrega, no dia 22 de fevereiro de 2001, já como cargueiro, visto que o último MD-11 para ageiros foi fabricado em 1998.</p>
<p>Provavelmente boa parte dos MD-11 serão aposentados nesta década, restando poucas unidades ativas após 2025.</p>
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Autor: Pedro Viana
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Tags: McDonnell Douglas, MD-11