<p>Desenvolvido na antiga União Soviética como resposta <a href="https://www.aeroflap.com.br/bae-systems-atualizara-computadores-de-controle-de-voo-dos-f-15ex-e-f-a-18e-f/">ao F-15 Eagle</a> dos Estados Unidos, <a href="https://www.aeroflap.com.br/sukhoi-su-37-o-exterminador-russo/">o Sukhoi Su-27 Flanker</a> se destaca entre os aviões de combate mais capazes de sua categoria. Altamente manobrável e veloz, o jato de combate deu origem ao Su-35, hoje principal caça da Força Aeroespacial da Rússia. Mas no ado, o jato da Sukhoi também figurou em uma interessante disputa da Guerra Fria: a de recordes. </p>
<p>A grande competição pela hegemonia entre EUA e URSS extrapolava a apresentação de equipamentos militares mais novos. Como num Super Trunfo, quem fosse mais longe e mais rápido ganhava também muito prestígio. </p>
<p>Nesse sentido, os dois países também disputavam os recordes da Federação Aeronáutica Internacional, a FAI. Em 1962, a Marinha dos EUA rompeu vários recordes de tempo de subida com <a href="https://www.aeroflap.com.br/duke-cunningham-o-piloto-de-caca-que-foi-preso-por-corrupcao/">o F-4 Phantom II</a>. Mais tarde, em 1973, os americanos foram superados pelos soviéticos, que usando o Mikoyan MiG-25 Foxbat – modelo que até hoje é o caça mais rápido produzido – conquistaram a marca de 25 mil metros (82 mil pés) em 3:12 minutos, comparados aos 3:50 do F-4 americano.</p>
<h3><strong><span style="font-size: 18pt;">Streak Eagle</span></strong></h3>
<p>Dois anos após serem ultraados pelo Foxbat da URSS, os americanos já estavam empregando outro jato de combate, o hoje lendário F-15 Eagle. A Força Aérea Americana pediu o desenvolvimento do F-15 especialmente para superar o MiG-25 em combate. No entanto, o jato da McDonnell Douglas (atual Boeing) foi usado além disso. </p>
<p><amp-youtube layout="responsive" width="909" height="682" data-videoid="8_f8MOXh7qw" title="F 15 Streak Eagle Record Flights"><a placeholder href="https://youtu.be/8_f8MOXh7qw"><img src="https://i.ytimg.com/vi/8_f8MOXh7qw/hqdefault.jpg" layout="fill" object-fit="cover" alt="F 15 Streak Eagle Record Flights"></a></amp-youtube></p>
<p>Chamado de Streak Eagle, o F-15 foi modificado para reconquistar os recordes da FAI. A USAF removeu todos os aviônicos e equipamentos dispensáveis para a missão; o mesmo serve para a pintura, com o avião ficando apenas no metal.</p>
<p>Entre janeiro de fevereiro de 1975, três pilotos de testes quebraram oito recordes de tempo de subida, para as marcas de 3000, 6000, 9000, 12000, 15000, 20000, 25000 e 30000 metros. No entanto, a permanência no topo do pódio não iria durar muito tempo.</p>
<h3><strong><span style="font-size: 18pt;">O P-42</span></strong></h3>
<p>Em 1977, dois anos após as façanhas do Streak Eagle, voava o protótipo do Su-27. Designado T-10 pela Sukhoi, o modelo foi feito para desempenhar missões de superioridade aérea, uma resposta direta ao F-15. Também era capaz de carregar mais armas que seu adversário norte-americano e detendo uma performance geralmente similar. </p>
<p>Após anos de testes e refinamentos, o Su-27 entrou em serviço com as Forças Aéreas da URSS, marcando o início da vida operacional de uma aeronave que ainda é bastante presente na atual VKS, logicamente em variantes mais novas. Um ano após a introdução ao serviço militar do Su-27, os soviéticos escolheram o novo caça para retomar os recordes conquistados pelo Streak Eagle da USAF anos antes. </p>
<p>Apesar do modelo diferente, a receita era a mesma: deixar o avião o mais leve possível para aproveitar toda a potência dos motores; No caso do Su-27, não era pouca: cada Saturn AL-31 tinha cerca de 27 mil libras de empuxo em regime de pós-combustão. </p>
<figure id="attachment_177867" aria-describedby="caption-attachment-177867" style="width: 790px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-177867 size-full" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2024/09/3p0mztzm5dp51.jpg" alt="Para detonar os recordes dos americanos, os russos removeram inúmeros componentes do Su-27, até mesmo a tinta. No final, o P-42 era duas toneladas mais leve que o Su-27. " width="800" height="516" /><figcaption id="caption-attachment-177867" class="wp-caption-text">Para detonar os recordes dos americanos, os russos removeram inúmeros componentes do Su-27, até mesmo a tinta. No final, o P-42 era duas toneladas mais leve que o Su-27.</figcaption></figure>
<p>Dessa forma, como feito no MiG-25 e com o F-15, os russos tiraram tudo do Su-27 que não fosse importante para a a missão: radar, aviônicos, IRST, cabides de armas e, novamente, até a tinta. As únicas marcas eram o P-42 na lateral da fuselagem e a bandeira da URSS na cauda. O avião era polido antes dos voos e todas as superfícies que poderiam causar arrasto aerodinâmico foram reduzidas. O combustível era cuidadosamente calculado, suficiente apenas para o voo planejado e nada mais.</p>
<p>Indo além, o Su-27 recebeu modificações estruturais significativas para perder peso, com substituição do radome por uma peça mais leve; refinos na estrutura do freio aerodinâmico; os slats (peças móveis no bordo de ataque das asas) foram substituídos por uma estrutura fixa; estrutura dos trens de pouso com material mais leve e remoção do paralamas; logicamente, o canhão de 30 mm e seu cofre de munição também foi removido. No cockpit, ficaram apenas os instrumentos mais básicos para um voo seguro.</p>
<p>Completamente modificado, o Su-27 quebrador de recordes recebeu um novo nome: P-42. Segundo o então projetista chefe da Sukhoi, Mikhail Simonov, o nome era uma homenagem à ação da aviação de combate soviética na Batalha de Stalingrado, em 1942, ponto de virada na Segunda Guerra Mundial. </p>
<h3><strong><span style="font-size: 18pt;">Rompendo as marcas </span></strong></h3>
<p>Com as alterações, o P-42 tinha um um peso máximo de decolagem em 14,1 toneladas, duas toneladas a menos que o Su-27S original.</p>
<p>O avião era tão leve, que os freios eram insuficientes para segurar a aeronave em solo. Para resolver o problema, foi adotada uma solução &#8220;russa&#8221;: o P-42 era preso a um trator pesado, por meio de um cabo de aço, que era solta no momento da decolagem, por meio de uma trava de eletrônica.</p>
<p>Entre outubro e novembro de 1986, o piloto de testes Viktor Pugachev estabeleceu oito recordes de tempo de subida à tabela de conquistas em apenas dois voos. Foram quatro para aeronaves terrestres e mais quatro recordes para aeronaves com peso de decolagem de até 16.000 kg. Pugachev levou o P-42 aos 3000 metros em apenas 15,5 segundos e aos 6000 metros em 37,5 segundos.</p>
<figure id="attachment_177866" aria-describedby="caption-attachment-177866" style="width: 1012px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-177866 size-full" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2024/09/sukhoi-p42.jpg" alt="Entre 1986 e 1987, o Sukhoi P-42 conquistou 26 recordes da FAI. " width="1022" height="389" /><figcaption id="caption-attachment-177866" class="wp-caption-text">Entre 1986 e 1987, o Sukhoi P-42 conquistou 26 recordes da FAI.</figcaption></figure>
<p>No ano seguinte, sob os comandos do piloto Nikolai Sadovnikov, o Sukhoi P-42 subiu aos 9 mil metros em 44 segundos; 12 mil metros em 55,2 segundos e 15 mil metros em 70,3 segundos, sete segundos a menos que o Streak Eagle. Dessa forma, o P-42 bateu os números da FAI, estabelecidos pelos americanos com o F-15 anteriormente. </p>
<p>Ao todo, foram 26 recordes estabelecidos pelo P-42, incluindo os de tempo de subido até determinadas altitudes, com e sem cargas e altura máxima em voo horizontal. Além de Pugachev e Sadovnikov, também comandaram o caça modificado os pilotos de testes Oleg Tsoi e Yevgeni Frolov, coordenados pelo engenheiro chefe Rolan Martirosov. Os recordes podem ser conferidos no site da própria Federação, <a href="https://www.fai.org/records"><strong>clicando aqui.</strong></a></p>
<p>Com a conquista das marcas, a missão do P-42 estava então concluída, e com bastante êxito. O Su-27 modificado foi levado ao Museu da Força Aérea de Monino, onde permanece preservado. </p>

Sukhoi P-42: a very different (and fast) Su-27
