<p><p>Nas redes sociais, imagens de aeronaves da Rússia e Ucrânia voando baixo tem sido vistos e compartilhados cada vez mais. Em um exemplo recente, um vídeo compartilhado pelo lado ucraniano mostra um helicóptero Mi-24 Hind voando a cinco metros de altura sobre uma estrada, muito próximo de carros e caminhões. Noutro caso que também viralizou, um <a href="https://www.aeroflap.com.br/video-piloto-de-su-25-da-russia-filma-a-propria-ejecao-na-ucrania/">piloto russo gravou sua própria ejeção</a>, também enquanto voava baixo. </p>
<p>Mas afinal, por que aeronaves dos dois lados estão voando tão baixo sobre o campo de batalha no leste europeu? </p>
<blockquote class="twitter-tweet" data-width="550" data-dnt="true">
<p lang="en" dir="ltr">Welcome to Ukraine ðºð¦ <a href="https://t.co/LdFhrzwn2m">pic.twitter.com/LdFhrzwn2m</a></p>
<p>&mdash; Defense of Ukraine (@DefenceU) <a href="https://twitter.com/DefenceU/status/1583172386702049281?ref_src=twsrc%5Etfw">October 20, 2022</a></p></blockquote>
<p><script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script></p>
<p>A resposta está na enorme quantidade de mísseis antiaéreos de curto, médio e longo alcance, implantados tanto por russos quanto ucranianos. Os mísseis formam o chamado &#8220;guarda-chuva antiaéreo&#8221; que, dividido por camadas, oferece um risco enorme para as aeronaves e suas respectivas tripulações.</p>
<p>Os <a href="https://www.aeroflap.com.br/soldado-russo-atira-em-missil-s-300-ucraniano-e-gera-enorme-explosao/">mísseis S-300</a> e <a href="https://www.aeroflap.com.br/ucrania-debocha-de-turista-que-revelou-posicao-de-misseis-antiaereos-da-russia/">S-400 Triumph </a>&#8211; esse último operado apenas pela Rússia no teatro &#8211; negam o voo de grande altitude para os aviões, podendo atingir alvos a 150 km e acima dos 30 mil pés ou mais, dependendo do sistema, sua variante e condições na hora do engajamento. Enquanto Moscou dispõe de vários SAMs (surface to air missiles na sigla em inglês) de longo alcance mais novos, pouco se sabe sobre a condição dos S-300 ucranianos, incluindo a bateria que foi <a href="https://www.aeroflap.com.br/eslovaquia-envia-sistema-de-misseis-antiaereos-s-300-para-a-ucrania/">doada pela Eslováquia em abril.</a> </p>
<figure id="attachment_173021" aria-describedby="caption-attachment-173021" style="width: 790px" class="wp-caption alignnone"><img class="wp-image-173021 size-medium" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2022/07/S-300_Kyiv_2018_12-800x600.webp" alt="Mísseis antiaéreos de longo alcance S-300 da Ucrânia" width="800" height="600" /><figcaption id="caption-attachment-173021" class="wp-caption-text">Veículos lançadores do sistema S-300 do Exército da Ucrânia. Foto: Voidwanderer via Wikimedia.</figcaption></figure>
<p>Entramos então na camada de médio alcance, que inclui sistemas Tor, S-125, Buk, <a href="https://www.aeroflap.com.br/eua-podera-doar-velhos-misseis-antiaereos-mim-23-hawk-a-ucrania/">Hawk</a> e demais modelos. A OTAN doou dois de seus SAMs de médio alcance mais modernos para a Ucrânia: o <a href="https://www.aeroflap.com.br/ucrania-recebera-sistema-de-defesa-aerea-que-protege-a-capital-dos-estados-unidos/">NASAMS</a>, desenvolvido pelos EUA e Noruega, e o novo <a href="https://www.aeroflap.com.br/alemanha-considera-fornecer-misseis-antiaereos-iris-t-para-a-ucrania/">IRIS-T SLM alemão.</a> Ambos usam mísseis originalmente desenvolvidos para uso de aviões, adaptados para lançadores terrestres.</p>
<p>Enquanto o NASAMS pode atacar alvos a distâncias de 20 km a 30 km, dependendo da versão, o IRIS-T pode engajar aviões a 40 km. Cabe destacar que o NASAMS também é o mesmo sistema usado para a defesa aérea da Casa Branca, Pentágono e demais instalações estratégicas norte-americanas. </p>
<figure id="attachment_172060" aria-describedby="caption-attachment-172060" style="width: 790px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-172060 size-medium" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2022/06/Kongsberg-NASAMS-Morway-800x534.jpg" alt="Sistema antiaéreo NASAMS disparando um míssil AMRAAM" width="800" height="534" /><figcaption id="caption-attachment-172060" class="wp-caption-text">Míssil AMRAAM disparado pelo NASAMS. Foto: Kongsberg/Divulgação</figcaption></figure>
<p>Agora amos aos sistemas de curto alcance, como o Crotale, Pantsir, Tunguska, Strela, Stormer e os vários Mísseis Antiaéreos Portáteis (MANPADS), disparados por soldados. Estes são sistemas mais baratos, que atacam alvos aéreos até 15 km, aproximadamente. </p>
<p>Além de sistemas móveis, a Rússia tem empregado os MANPADS Igla e Verba. Já a Ucrânia recebeu enormes quantidades de mísseis Stinger, Starstreak, Mistral e Piorum, além dos seus próprios estoques de Igla e o Strela mais antigo. </p>
<blockquote class="twitter-tweet" data-width="550" data-dnt="true">
<p lang="en" dir="ltr">Video of a Ukrainian soldier launching an Igla MANPADS. <a href="https://t.co/1t0USwxbSG">https://t.co/1t0USwxbSG</a> <a href="https://t.co/QDOOCuGJ8C">pic.twitter.com/QDOOCuGJ8C</a></p>
<p>&mdash; Rob Lee (@RALee85) <a href="https://twitter.com/RALee85/status/1584838064592986112?ref_src=twsrc%5Etfw">October 25, 2022</a></p></blockquote>
<p><script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script></p>
<p>Para fugir dos sistemas de médio e longo alcance, orientados por radar ou sistemas eletro-ópticos, pilotos russos e ucranianos estão empregando uma velha tática: voar baixo, muito baixo. O voo rasante mascara a aeronave contra o terreno, impedindo a detecção por radar até uma determinada distância. Um soldado também teria dificuldade para enxergar e engajar um avião ou helicóptero em baixa altura e alta velocidade em tempo hábil. </p>
<p>No entanto, uma aeronave voando baixo e rápido está mais suscetível a acidentes, como colisões com pássaros e linhas de transmissão, <a href="https://www.aeroflap.com.br/su-25-russo-cai-na-fronteira-com-a-ucrania/">como ocorreu com um jato Sukhoi Su-25 russo em junho</a>. Dessa forma, a habilidade e reflexo dos tripulantes é fundamental para desviar de obstáculos e reagir a possíveis engajamentos. </p>
<blockquote class="twitter-tweet" data-width="550" data-dnt="true">
<p lang="en" dir="ltr">Ukrainian armed forces has shot down one more Russia&#39;s Su-34 strike aircraft <a href="https://t.co/MXaoIuUQok">pic.twitter.com/MXaoIuUQok</a></p>
<p>&mdash; Pavlo Riko ↗ï¸ (@Krokugoru) <a href="https://twitter.com/Krokugoru/status/1579039464315584512?ref_src=twsrc%5Etfw">October 9, 2022</a></p></blockquote>
<p><script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script></p>
<p> ;</p>
<p>No caso dos helicópteros voando a 5 metros, 10 metros sobre uma estrada, o disparo de um MANPADS dá pouco tempo de reação e espaço de manobra ao piloto. Para os aviões, há diversos vídeos de jatos russos sendo alvejados por mísseis enquanto voam baixo. Outro problema é a dificuldade e o tempo curto para identificar e atacar um alvo terrestre com precisão.</p>
<p>Segundo o <a href="https://www.oryxspioenkop.com/">portal Oryx</a>, que tem documentado as perdas de ambos os lados desde o início do conflito, a Rússia perdeu 63 aeronaves de asa fixa e 54 helicópteros. Já o país invadido perdeu 53 aviões e 21 helicópteros. Especialistas têm atribuído a maior parte desses abates aos sistemas antiaéreos (com destaque para os MANPADS), e não ao combate entre aviões. </p>
<blockquote class="twitter-tweet" data-width="550" data-dnt="true">
<p lang="en" dir="ltr">This morning in the Kyiv region UA Armed Forces destroyed Russian attack helicopter Mi-24 with MANPADS. </p>
<p>Near Chernihiv UA forces shot down a Su-34 fighter-bomber. One of the pilots is captured, says he didn’t know that he was flying to bomb a peaceful city. Shameless liars. <a href="https://t.co/xy0EtGope9">pic.twitter.com/xy0EtGope9</a></p>
<p>&mdash; Maria Avdeeva (@maria_avdv) <a href="https://twitter.com/maria_avdv/status/1500075946757525507?ref_src=twsrc%5Etfw">March 5, 2022</a></p></blockquote>
<p><script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script></p>
<p>Ao mesmo tempo, os dois beligerantes se esforçam na tentativa de destruir radares e baterias antiaéreas. Em missões de Supressão de Defesa Aérea (SEAD), a Rússia tem usado caças com mísseis Kh-31. A Ucrânia, por outro lado, tomou um caminho no mínimo inesperado: integrou mísseis norte-americanos AGM-88 HARM aos seus MiG-29 e Su-27 de origem russa, algo que pode ser lido com <a href="https://www.aeroflap.com.br/video-cacas-mig-29-da-ucrania-usando-misseis-antirradar-agm-88/"><strong>mais detalhes nesta matéria.</strong></a> </p>
<p>De qualquer forma, as camadas antiaéreas persistem dos dois lados, em maior ou menor grau. Enquanto o conflito perdurar, mais e mais vídeos de aeronaves em voo rasante deverão ser compartilhados nas redes. </p></p>

Guerra na Ucrânia: porque aviões e helicópteros estão voando tão baixo
por Gabriel Centeno


Autor: Gabriel Centeno
Categorias: Artigos, Militar, Notícias
Tags: Antiaérea, Guerra na Ucrânia, Rússia, Rasante, Ucrânia, usaexport