Há 40 anos a FAB interceptava um bombardeiro inglês durante a Guerra das Malvinas

Avro Vulcan Malvinas Falklands RAF FAB Rio de Janeiro

<p><p>No dia 03 de junho de 1982 ocorria um dos episódios mais marcantes da história da Força Aérea Brasileira &lpar;FAB&rpar;&period; Uma calma manhã no Rio de Janeiro seria interrompida por estrondos sônicos de um par de caças F-5E Tiger II do 1º Grupo de Aviação de Caça&comma; partindo para interceptar um bombardeiro britânico Avro Vulcan que havia invadido o espaço aéreo brasileiro&period; <&sol;p>&NewLine;<p>A história começa no dia anterior&comma; quando os seis tripulantes do Vulcan B&period;2 XM597 decolavam da Ilha de Ascenção para uma longa missão&comma; a sexta da sequência de missões Black Buck&period; <&sol;p>&NewLine;<p>O objetivo da missão liderada pelo Squadron Leader Neil McDougall era destruir radares argentinos no arquipélago invadido meses antes pela tropas de Buenos Aires&period; Para isso&comma; os britânicos decolaram com quatro mísseis antirradar AGM-45 Shrike&comma; de origem norte-americana e que foram adaptados aos bombardeiros nucleares&period; <&sol;p>&NewLine;<figure id&equals;"attachment&lowbar;169141" aria-describedby&equals;"caption-attachment-169141" style&equals;"width&colon; 1190px" class&equals;"wp-caption aligncenter"><img class&equals;"wp-image-169141 size-full" src&equals;"https&colon;&sol;&sol;www&period;aeroflap&period;com&period;br&sol;wp-content&sol;s&sol;2022&sol;06&sol;vulcan-shrike&period;jpg" alt&equals;"AGM-45 Shrike Vulcan Malvinas Falklands" width&equals;"1200" height&equals;"675" &sol;><figcaption id&equals;"caption-attachment-169141" class&equals;"wp-caption-text">Mísseis AGM-45 montados em um Vulcan B&period;2&period; Foto&colon; Time Line Images&sol;Aviation Classics via Velho General&period;<&sol;figcaption><&sol;figure>&NewLine;<p>As missões Black Buck estão entre as mais longas e complicadas da história da aviação militar moderna&period; A Ilha de Ascenção fica no meio do Atlântico a 6300 km das Falklands&sol;Malvinas&period; Dessa forma&comma; os bombardeiros precisavam do apoio de onze &lpar;&excl;&rpar; aviões de reabastecimento em voo &lpar;REVO&rpar; Handley-Page Victor&comma; que também transferiam combustível entre si para concluírem a missão&comma; que tinha cerca de 16 horas de duração&period; <&sol;p>&NewLine;<p>Os britânicos chegaram na ilha no sul do Atlântico e esperaram até que os argentinos ligassem um de seus radares&period; No cockpit&comma; sinais de um radar SkyGuard foram captados&period; Prontamente dois mísseis foram lançados contra o alvo&comma; que foi destruído&period; A tripulação do XM597 começa então seu retorno para Ascenção&period; Então&comma; as coisas começaram a dar errado&period; <&sol;p>&NewLine;<p>Durante o 5º REVO&comma; a sonda de reabastecimento do Vulcan quebrou e a aeronave se tornou incapaz de chegar a ilha britânica&period; A única opção que restava era o pouso no Rio de Janeiro&period;<&sol;p>&NewLine;<p><img class&equals;"aligncenter" src&equals;"https&colon;&sol;&sol;&period;wikimedia&period;org&sol;wikipedia&sol;commons&sol;a&sol;a9&sol;Blackbuck&period;operation&period;png" alt&equals;"Operation Black Buck - Wikipedia" &sol;><&sol;p>&NewLine;<p>O Brasil mantinha neutralidade em relação ao conflito&comma; que gerava sérias tensões na América do Sul&period; Ainda assim&comma; aviões AT-26 e P-95 da FAB foram reados aos argentinos&period; <&sol;p>&NewLine;<p>Neil traçou uma rota direta ao Aeroporto Internacional do Galeão&comma; mas antes a tripulação do XM597 precisava resolver dois problemas&colon; eliminar documentos secretos e se livrar dos dois mísseis antirradar que seguiam pendurados no bombardeiro Vulcan&period; <&sol;p>&NewLine;<p>Os documentos&comma; que continham dados da missão&comma; cartas e mapas&comma; foram colocados numa lata de ração militar&period; Os aviadores colocaram pesos no &&num;8220&semi;pacote&&num;8221&semi;&comma; para que afundasse nas águas do oceano&period; Uma escotilha no piso avião foi aberta a 43 mil pés&comma; despressurizando o avião&comma; mas garantido que os documentos fossem por água abaixo&period; <&sol;p>&NewLine;<p><img class&equals;"aligncenter" src&equals;"https&colon;&sol;&sol;i0&period;wp&period;com&sol;www&period;aeroflap&period;com&period;br&sol;wp-content&sol;s&sol;2020&sol;12&sol;v1-Avro-698-Vulcan-B&period;2&period;a-XM575-was-delivered-to-No&period;-617-Squadron-Dambusters-at-Scampton-in-May-1953&period;jpg&quest;fit&equals;1400&percnt;2C788&amp&semi;ssl&equals;1" alt&equals;"Operação Black Buck&colon; A invasão dos Avro Vulcan nas Ilhas Malvinas – AEROFLAP" &sol;><&sol;p>&NewLine;<p>Ainda restava o problema dos mísseis&period; Os pilotos dispararam um dos Shrikes&comma; mas outro acabou ficando preso ao avião por conta de problemas técnicos&comma; o que tornava a situação ainda mais complicada&period; <&sol;p>&NewLine;<p>E foi nesse cenário que os tripulantes do XM597 entraram em contato com o controle brasileiro&period; Usando o código-rádio Ascot 597&comma; os militares afirmaram ao controle que estavam num quadrimotor britânico com emergência a bordo e pouco combustível&period; O controle de tráfego aéreo brasileiro negou a entrada do Ascot em espaço aéreo nacional&comma; mas não tendo outra alternativa&comma; McDougall seguiu conduzindo o avião ao Galeão&period; <&sol;p>&NewLine;<p>Ao mesmo tempo em que tripulação britânica tentava se salvar&comma; um par de caças F-5E estavam sendo preparados para uma missão de treinamento na Base Aérea de Santa Cruz&comma; zona sul do RJ&period; Enquanto estavam guarnecendo os jatos&comma; os capitães Raul Dias e Marcos Coelho receberam a informação&colon; Rojão de Fogo&period; <&sol;p>&NewLine;<p>Dentro da FAB&comma; essas palavras significam uma invasão real do espaço aéreo brasileiro&period; Os mecânicos armaram os canhões de 20mm no nariz dos caças&comma; enquanto os pilotos acionavam os aviões&period; Às 09h57&comma; os F-5 4832 e 4845 decolavam de Santa Cruz&comma; recebendo instruções do Centro de Operações Militares &lpar;COPM&rpar; para seguirem até o alvo em velocidade supersônica&period;<&sol;p>&NewLine;<p><a title&equals;"FAB-4845" href&equals;"https&colon;&sol;&sol;www&period;flickr&period;com&sol;photos&sol;spottergyn&sol;46386871782" data-flickr-embed&equals;"true" data-header&equals;"true" data-footer&equals;"true"><img src&equals;"https&colon;&sol;&sol;live&period;staticflickr&period;com&sol;4916&sol;46386871782&lowbar;9ca683f492&lowbar;b&period;jpg" alt&equals;"FAB-4845" width&equals;"1024" height&equals;"684" &sol;><&sol;a><script async src&equals;"&sol;&sol;embedr&period;flickr&period;com&sol;assets&sol;client-code&period;js" charset&equals;"utf-8"><&sol;script><&sol;p>&NewLine;<p>Assim que romperam a barreira do som&comma; os caças geraram um estrondo sobre o Rio&comma; estilhaçando janelas e vidraças enquanto seguiam para interceptar o Vulcan britânico&period;<&sol;p>&NewLine;<p>Acompanhado pelos F-5&comma; o Vulcan não fez o circuito de pouso para pista 32 do Aeroporto do Galeão&comma; executando uma aproximação direta&period; Após o pouso&comma; os Tigres retornaram à Santa Cruz&period; A aeronave estava com tão pouco combustível que sofreu uma pane seca enquanto taxiava&comma; sendo rebocada até a Base Aérea do Galeão&period; <&sol;p>&NewLine;<p>O incidente gerou um tremendo &&num;8220&semi;estresse&&num;8221&semi; diplomático entre Brasil&comma; Argentina e Inglaterra&period; Ainda assim&comma; o Itamaraty agiu de acordo com as leis internacionais&colon; por uma semana o avião e os tripulantes ficaram retidos no país&comma; decolando de volta para Ascenção no dia 10&sol;06&comma; com a condição de que o XM597 não fosse mais usado contra os argentinos&comma; que ainda protestaram a liberação da aeronave pelas autoridades brasileiras&period; <&sol;p>&NewLine;<p>O que aconteceu com o míssil Shrike ainda é fonte de debates&period; Enquanto algumas fontes dizem que o armamento foi completamente confiscado e estudado pelos militares brasileiros &&num;8211&semi; levando ao desenvolvimento do míssil MAR-1&comma; cujo projeto foi abandonado -&comma; outras relatam que ele foi devolvido posteriormente&period; <&sol;p>&NewLine;<figure id&equals;"attachment&lowbar;169142" aria-describedby&equals;"caption-attachment-169142" style&equals;"width&colon; 1014px" class&equals;"wp-caption aligncenter"><img class&equals;"wp-image-169142 size-full" src&equals;"https&colon;&sol;&sol;www&period;aeroflap&period;com&period;br&sol;wp-content&sol;s&sol;2022&sol;06&sol;image-10&period;webp" alt&equals;"" width&equals;"1024" height&equals;"727" &sol;><figcaption id&equals;"caption-attachment-169142" class&equals;"wp-caption-text">Os tripulantes do Vulcan 597 no Brasil&comma; junto de um adido da FAB&period; Foto&colon; Vulcan to The Sky<&sol;figcaption><&sol;figure>&NewLine;<p>Ainda assim&comma; a guerra acabou mais cedo para os tripulantes do Vulcan&period; Quatro dias após a sua partida de volta a Ilha de Ascenção&comma; a Argentina se rendia aos britânicos&comma; encerrando <a href&equals;"https&colon;&sol;&sol;www&period;aeroflap&period;com&period;br&sol;embaixador-argentino-reclama-de-voos-britanicos-para-as-malvinas-com-escalas-no-brasil&sol;">uma guerra que gera polêmicas e disputas até hoje<&sol;a>&period; <&sol;p>&NewLine;<p>Os aviadores brasileiros e britânicos já estão na reserva de suas respectivas forças aéreas&comma; naturalmente&period; Assim como seus tripulantes&comma; o XM597 também foi aposentado e hoje está <a href&equals;"https&colon;&sol;&sol;www&period;thunder-and-lightnings&period;co&period;uk&sol;vulcan&sol;survivor&period;php&quest;id&equals;50">preservado no National Museum of Flight&comma; na Escócia<&sol;a>&comma; com duas marcas de mísseis Shrike e a bandeira do Brasil pintadas abaixo da janela esquerda&period;<&sol;p>&NewLine;<p>O F-5 4832 foi perdido numa colisão aérea em 16&sol;04&sol;1985 durante um voo a baixa altura na região de a Quatro &lpar;MG&rpar;&comma; falecendo o Capitão Waldemar Estevão Alonso&period; O FAB 4845&comma; por outro lado&comma; foi modernizado e segue em operação&period; <&sol;p>&NewLine;<p><em>Fontes&colon; <a href&equals;"https&colon;&sol;&sol;velhogeneral&period;com&period;br&sol;">Blog Velho General<&sol;a>&comma; Northrop F-5 no Brasil <&sol;em><&sol;p><&sol;p>&NewLine;

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Gabriel Centeno

Autor: Gabriel Centeno

Estudante de Jornalismo na UFRGS, spotter e entusiasta de aviação militar.

Categorias: Artigos, Militar, Notícias

Tags: Argentina, fab, Guerra Malvinas, Inglaterra, Interceptação, usaexport, Vulcan

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