<p><p>A aviação brasileira tem várias histórias para contar. Em uma o piloto Fernando Murilo de Lima e Silva foi o verdadeiro herói de uma delas.</p>
<p>Fernando Murilo era piloto da Vasp na década de 80, quando no dia 29 de setembro de 1988 assumiu o voo Vasp 375, que entraria para a história.</p>
<p>O voo começou normalmente, estava prevista uma partida do Aeroporto Internacional de Porto Velho, em Rondônia, com destino ao Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. O avião deveria fazer quatro escalas: Em Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte, antes de chegar no Rio. O voo estava sendo operado por um moderno Boeing 737-300 (PP-SNT).</p>
<p>Contudo, enquanto estava em direção ao Rio de Janeiro o avião foi sequestrado por Raimundo Nonato Alves da Conceição, este estava com um revólver calibre .32. Ele embarcou no último trecho, de Confins (MG) para o Rio de Janeiro.</p>
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<h4><strong>O sequestro</strong></h4>
<p>Nonato queria que a aeronave fosse desviada para Brasília. A intenção era matar o então presidente José Sarney jogando o avião no Palácio do Planalto.</p>
<p>Anteriormente o sequestrador causou alguns momentos de tensão na aeronave. Ele deu um tiro em Ronaldo Dias, comissário de bordo que tentou impedir a movimentação, e também em Gilberto Renhe, um tripulante que estava de extra no voo.</p>
<p>Além disso Nonato disparou vários tiros contra a porta do cockpit, na época os aviões não tinham blindagem na porta, e um dos tiros atingiu o do avião. Para terminar os disparos, os pilotos decidiram abrir a porta do cockpit.</p>
<p>Neste momento o comandante Fernando Murilo de Lima e Silva entra em ação com várias decisões que salvaram vidas.</p>
<p>Quando o sequestrador entrou na cabine de comando, Fernando ativou o código 7500 no transponder, que significa atitude ilícita a bordo. O CINDACTA tentou entrar em contato com a aeronave, e o co-piloto quando foi responder levou um tiro na nuca, falecendo na hora.</p>
<p>Mantendo a calma, Fernando começou a receber instruções do sequestrador para seguir até Brasília. Sabiamente o piloto afirmou (com mentiras) que a Capital Federal estava sem condições de visibilidade, então eles seguiriam para São Paulo. O comandante novamente alertou que não haveria combustível para seguir até São Paulo, e optou por uma proa para Goiânia.</p>
<p>Neste momento o avião estava acompanhado de caças Mirage III da FAB, que seguiam de perto os movimentos.</p>
<p>O sequestrador, por sua vez, ficou estressado com uma possibilidade de pouso na Base Aérea de Anápolis, e ameaçou matar o comandante do voo. Fernando então decidiu fazer uma manobra denominada &#8220;tonneau&#8221;, onde a aeronave executa um giro completo através de seu eixo longitudinal, na análise do comandante o movimento deveria derrubar o sequestrador e desarmá-lo, por alguns minutos a manobra, que era arriscada para um avião Boeing 737, deu certo.</p>
<p>Nos últimos minutos do voo a aeronave estava quase sem combustível, porém seguindo para pouso no Aeroporto de Goiânia. O &#8220;tonneau&#8221; ocorreu minutos antes do pouso da aeronave, e foi acompanhada no final do voo de outra manobra para desestabilizar ainda mais o sequestrador, uma queda em parafuso por mais de 9000 metros.</p>
<p>O comandante não tinha total certeza sobre a capacidade do Boeing 737 concluir as manobras sem danos estruturais. O avião estava praticamente sem combustível no momento dessas manobras.</p>
<p>Após pousar em Goiânia o sequestrador, já ferido, fez o comandante de refém ao sair da aeronave. Após horas de negociação um Policial Federal da equipe de elite atingiu três tiros em Raimundo Nonato, liberando o comandante, os quatro tripulantes, e todos os 98 ageiros do voo.</p>
<p>O comandante e os tripulantes feridos foram encaminhados para um hospital da região. O co-piloto infelizmente faleceu. Nenhum ageiro ficou ferido no voo, e Raimundo Nonato morreu poucos dias depois.</p>
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<h4><strong><span style="font-size: 14pt;">Viveu por anos como um herói</span></strong></h4>
<p>Após 76 anos de vida, Fernando Murilo de Lima e Silva nos deixou ontem (26), após seu quadro de Septicemia agravar em um hospital de Armação dos Búzios (RJ).</p>
<p>O herói da aviação brasileira voou por anos após o caso do sequestro, e recebeu um agradecimento oficial da presidência pelos seus feitos, e também ganhou um troféu Destaque Aeronauta do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).</p>
<p>Ele também recebeu da FAB uma Ordem do Mérito Aeronáutico.</p>
<p>A ação heroica do comandante Fernando Murilo foi retratada no livro &#8220;Caixa-Preta&#8221; de Ivan Sant&#8217;Anna, amigo pessoal do comandante, que lamentou muito a morte do mesmo em <a href="https://www.facebook.com/ivan.santanna.92">seu perfil no Facebook.</a></p>
<p>Toda a equipe do Portal Aeroflap deseja muita paz e um excelente descanso para o comandante responsável por salvar diversas vidas. Muito obrigado por tudo Fernando!</p>
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<h4><strong>Vídeo da época sobre o sequestro no Jornal Nacional:</strong></h4>
<p><amp-youtube layout="responsive" width="909" height="511" data-videoid="mvo13yIBPBw" title="Sequestro do avião da Vasp no Brasil em 1988"><a placeholder href="https://www.youtube.com/watch?v=mvo13yIBPBw"><img src="https://i.ytimg.com/vi/mvo13yIBPBw/hqdefault.jpg" layout="fill" object-fit="cover" alt="Sequestro do avião da Vasp no Brasil em 1988"></a></amp-youtube></p>
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