<p><p>Nas últimas semanas o mundo, em especial a América do Sul, tem observado os desenvolvimentos na fronteira entre Venezuela e Guiana. O país chefiado por Nicolás Maduro &#8211; que ocupa o cargo de presidente há mais de 10 anos &#8211; realizou ontem (03) um plebiscito, onde a população escolheria a anexação da região de Essequibo, que compreende cerca de 70% do território guianense. </p>
<p>O resultado da votação foi divulgado ainda ontem e, sob muitas dúvidas, 95,9% da população foi<a href="https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-12/referendo-na-venezuela-aprova-incorporacao-de-essequibo"> favorável à criação de uma nova província venezuelana</a>, a chamada Guyana Esequiba. O território é reclamado pela Venezuela desde 1841, mas o Essequibo se tornou ainda mais importante com a descoberta de enormes reservas de petróleo na região. A possibilidade de uma operação militar ou até mesmo uma guerra entre Guiana e Venezuela trouxe diversos debates em várias plataformas, especialmente em torno das capacidades das Forças Armadas da Venezuela.</p>
<p>Nesta matéria, veremos quantas e quais aeronaves de combate são utilizadas pela <a href="https://www.aeroflap.com.br/venezuela-pinta-cacas-su-30-reclamando-por-regiao-na-guiana/">Força Aérea da Venezuela</a>, bem como o Exército Venezuelano também. </p>
<h3>General Dynamics F-16 Fighting Falcon</h3>
<p>Em outros tempos, Estados Unidos e Venezuela tinham uma relação muito mais amistosa. Tão amistosa que em 1982, a Força Aérea Venezuelana (Aviación Militar Bolivariana &#8211; AMB) se tornou o primeiro país latino-americano a adquirir o<a href="https://www.aeroflap.com.br/inaugurado-centro-de-treinamento-do-f-16-para-pilotos-de-caca-da-ucrania/"> F-16.</a> Pelo programa Peace Delta o país comprou 18 F-16A e 6 F-16B de dois assentos. </p>
<p>Na época eram os caças mais avançados do continente, superando por muito as demais forças aéreas sul-americanas. No entanto, os F-16 eram da versão Block 15 OCU e os embargos que vieram mais tarde impediram que a Venezuela realizasse grandes upgrades nos jatos, como realizado por outros operadores do Viper. </p>
<figure id="attachment_204625" aria-describedby="caption-attachment-204625" style="width: 1590px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-204625 size-full" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2023/12/Venezuelan_Air_Force_General_Dynamics_F-16A_Fighting_Falcon_401_Lofting-3.jpg" alt="Caça F-16 Fighting Falcon da Venezuela" width="1600" height="1046" /><figcaption id="caption-attachment-204625" class="wp-caption-text">Venezuela adquiriu caças F-16 dos EUA em 1982. Foto: Chris Lofting.</figcaption></figure>
<p>Hoje, <strong>restam 15 F-16 em atividade</strong>, operados pelo Grupo Aéreo de Caza N.º 16 a partir da Base Aérea de El Libertador. </p>
<h3>Sukhoi Su-30 MKV Flanker-C </h3>
<p>Uma das principais variantes do Su-27 russo, o Su-30MKV chegou às fileiras da AMB em 2006, quando o então presidente Hugo Chávez, já muito mais próximo da Rússia, assinou a compra de 24 aeronaves. Com a introdução do Su-30 – uma aeronave que gera discussões polêmicas até hoje – a AMB ficou novamente entre a vanguarda da aviação de combate no continente. </p>
<p>Normalmente reconhecido por características como a alta velocidade, longo alcance e grande capacidade de carga útil (bombas, mísseis, etc.), também se fala muito sobre o e da Rússia aos Su-30 da Venezuela: alguns afirmam que pelo menos parte da frota ficou no chão por falta de manutenção, outros duvidam. É difícil saber as reais condições dos Flankers de Caracas, muito por conta das condições políticas e sociais do país. </p>
<figure id="attachment_204626" aria-describedby="caption-attachment-204626" style="width: 1014px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-204626 size-full" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2023/12/Sukhoi_Su-30MK2_Venezuela_-_Air_Force_JP7735971.jpg" alt="Sukhoi Su-30 MKV da Venezuela" width="1024" height="698" /><figcaption id="caption-attachment-204626" class="wp-caption-text">Caças Su-30 MKV da Venezuela estão entre os melhores da América do Sul. Foto: André Du-pont (Mexico Air Spotters).</figcaption></figure>
<p>De qualquer forma, dos 24 aviões adquiridos, <a href="https://www.aeroflap.com.br/caca-russo-sukhoi-su-30-cai-na-venezuela/">três foram perdidos em acidentes</a>, <strong>restando 21 caças Su-30MKV em operação</strong>. Assim como os F-16, os Su-30 também tem a base de El Libertador como sede, onde são mantidos e voados pelo Grupo Aéreo de Caza N.º 11. </p>
<h3>Hongdu <b>K-8 Karakorum</b></h3>
<p>Para substituir sua antiga frota de caças VF-5 Freedom Fighter e turboélices OV-10 Bronco, a Venezuela comprou da China 26 jatos de treinamento K-8W Karakorum em dois lotes. Embora sejam originalmente mais voltados para instrução de voo, os K-8 também podem receber armamento para ataque ao solo. </p>
<p>Os pequenos jatos foram distribuídos entre unidades do Grupo Aéreo de Operaciones Especiales N.º 15, da Base Aérea Rafael Urdaneta, e do Grupo Aéreo de Caza N.º 12, da Base Aérea Vicente Landaeta Gil, onde são usados em missões de e aéreo e contra o tráfico de drogas.</p>
<p><a title="K-8W" href="https://www.flickr.com/photos/sjpadron/4915888793" data-flickr-embed="true" data-header="true"><img class="aligncenter" src="https://live.staticflickr.com/4075/4915888793_e6e35e38a3_b.jpg" alt="K-8W" width="1024" height="657" /></a><script async src="//embedr.flickr.com/assets/client-code.js" charset="utf-8"></script></p>
<p>Desde o início da operação em 2009, os K-8 chineses já acumularam uma série de acidentes, o último dos quais foi registrado em junho de 2022, deixando dois pilotos feridos. <strong>Hoje a Venezuela conta com 22 destes treinadores armados. </strong></p>
<h3>Mil Mi-35 </h3>
<p>O Exército Bolivariano possui diversos helicópteros em sua frota de aviação, mas a &#8220;menina dos olhos&#8221; é o Mil Mi-35M Hind-F russo. Ao todo, 10 destes helicópteros de ataque foram adquiridos em 2005 num contrato que também incluía helicópteros Mi-17 e Mi-26. </p>
<p>Entregues entre 2006 e 2008, os Hind da Venezuela são da versão Mi-35M2 Caribe, com melhorias nos sistemas d&#8217;armas e autodefesa, bem como atualizações realizadas localmente em 2017. Além do canhão de 23 mm instalado no nariz, os Mi-35 podem usar foguetes não guiados e mísseis antitanque 9M120 Ataka-V. </p>
<figure id="attachment_204627" aria-describedby="caption-attachment-204627" style="width: 1190px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-204627 size-full" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2023/12/Mi-35m2-caribe.jpg" alt="Mil Mi-35 do Exército da Venezuela" width="1200" height="820" /><figcaption id="caption-attachment-204627" class="wp-caption-text">Exército da Venezuela opera helicópteros de ataque Mi-35M2 Caribe. Foto: Autor desconhecido.</figcaption></figure>
<p><strong>Dos 10 helicópteros comprados, nove ainda estão em operação</strong>. Um Mi-35 foi perdido em um acidente fatal em fevereiro de 2019. </p>
<h3>Outras aeronaves</h3>
<p>Embora os aviões e helicópteros mencionados acima sejam os principais vetores da aviação de combate da Venezuela, a Fuerza Armada Nacional Bolivariana (FANB) conta com várias outras aeronaves na força aérea, marinha e exército do país. </p>
<p>A AMB possui um Boeing 707 modificado para ser um avião-tanque (KC-707), embora não se saiba exatamente as condições deste veterano jato.</p>
<p>Quando se fala em transporte tático pesado, a Venezuela conta com três C-130H Hércules e oito Shaanxi Y-8, uma versão chinesa do Antonov AN-12 soviético. Os dois modelos são usados pelo Grupo Aéreo de Transporte N.º 6, outra unidade de El Libertador. </p>
<p>A frota de transporte é complementada por outros aviões menores como o Shorts 360, Cessna Caravan, Dronier 228 e o popular Beechcraft King Air. </p>
<figure id="attachment_204628" aria-describedby="caption-attachment-204628" style="width: 1190px" class="wp-caption aligncenter"><img class="wp-image-204628 size-full" src="https://www.aeroflap.com.br/wp-content/s/2023/12/Venezuelan_Air_Force_Lockheed_C-130H_Hercules__ALBA_livery__at_Ezeiza_Airport.jpg" alt="C-130 Hércules da Venezuela. Foto: Esteban Vermaasen." width="1200" height="800" /><figcaption id="caption-attachment-204628" class="wp-caption-text">C-130 está entre os maiores cargueiros da Venezuela. Foto: C-130 Hércules da Venezuela. Foto: Esteban Vermaasen.</figcaption></figure>
<p>No caso dos helicópteros, a variedade também é grande. Os maiores são três enormes Mi-26 Halo, maior helicóptero produzido no mundo. Mas assim como o 707 (e outras tantas aeronaves da Venezuela), não é possível saber as reais condições desta frota. Os modelos mais numerosos são os russos Mi-17, os norte-americanos Bell 412 e o francês Aerospatiale (atual Airbus) AS532 Cougar. </p>
<p>Por outro lado, não se pode ignorar outro destaque da FANB: seus mísseis antiaéreos. A Venezuela conta com uma série de sistemas de defesa aérea de curto, médio e longo alcance. O mais imponente é o S-300VM, capaz de engajar aeronaves a cerca de 250 km com seus mísseis 9M82M. O exército possui três baterias desse sistema. </p>
<p>O Buk M2 de médio alcance complementa os S-300, também com três baterias. O mais antigo S125 é ainda mais numero, com cerca de 20 baterias em uso. No entanto, os mísseis de ombro como Igla e RBS-70 estão bem mais presentes, embora de curto alcance. </p></p>

Em números: As aeronaves de combate da Venezuela
por Gabriel Centeno
